Entre 2004 a 2013, o Franchising nos EUA cresceu 18,7%, enquanto que no Brasil, no mesmo período, evoluiu 151,4%. O faturamento do setor de franquias no Brasil foi equivalente a US$ 62,1 bilhões, em 2013, representando 2,4% do PIB, quando em 2004 foi de apenas US$ 21,2 bilhões e representou 1,6%.
Já nos EUA, o faturamento do Franchising em 2013 representou 5,1% do PIB norte-americano, tendo alcançado US$ 839 bilhões.
O número total de estabelecimentos franqueados, lojas e postos de serviços, previstos no final deste ano no Brasil deve alcançar a cifra de 125,8 mil, número 92% superior ao que existia em 2007.
Para efeito de comparação, no final de 2014 devem estar operando nos EUA 770 mil estabelecimentos, praticamente o mesmo número que havia em 2007, sendo que esse número chegou a cair para 736 mil em 2011, no período mais agudo da crise recente naquele mercado quando muitas lojas foram fechadas. Como se percebe houve uma retomada no processo de abertura de pontos e o mercado sinaliza um novo período de expansão.
Comparativamente, em termos de densidade de estabelecimentos, existem 397 habitantes por estabelecimento nos EUA e 1.747 no Brasil, sinalizando o espaço que ainda existe no país para crescimento do número de unidades. Em termos de relação com população, o índice precisa ser ajustado à questão do potencial individual de consumo.
No Brasil, trabalham no setor de franquias 1.133 mil pessoas, quando em 2007 eram 590 mil, enquanto que nos EUA atuam na área atualmente 8,5 milhões, tendo evoluído apenas 6,4% em relação a 2007.
Interessante notar que, apesar de um tamanho médio de unidade ser bastante superior nos EUA, o número médio de funcionários por estabelecimento não varia significativamente, sendo 10,8 nos EUA e 9,0 no Brasil.
Momento e perspectiva
Se fosse possível uma síntese do momento e perspectivas do setor de franquias no cenário global e, em particular na realidade brasileira, a partir das discussões e apresentações feitas durante o 5º Fórum Internacional de Gestão de Redes de Franquias e Negócios, os seguintes pontos mereceriam ser destacados:
O amadurecimento do setor de franquias significará consolidação do número de franqueados e aumento do número de franquias médias por franqueado, ao mesmo tempo em que os franqueadores tenderão a aumentar o número de unidades operadas corporativamente;
Nesse processo o maior foco será direcionado ao aumento da eficiência operacional das franquias pela incorporação de melhores práticas, processos, tecnologia e métricas de eficiência além de muita ênfase no desenvolvimento dos recursos humanos;
O dimensionamento do potencial e participação de marcas e das unidades será um dos principais instrumentos de medida de eficiência na cobertura de mercado;
A correta percepção da separação entre os papéis de cliente, parceiro, franqueado e o consumidor final será cada vez mais relevante para marcar a transição de uma era focada no produto/serviço para uma era focada no consumidor final;
A incorporação dos conceitos de Omnivarejo no universo do franchising terá um potencial gerador de conflitos pela exacerbação da discussão sobre a “propriedade” do consumidor final;
As empresas vencedoras no universo do Franchising são aquelas que acompanham mais de perto as profundas transformações que ocorrem nas estratégias e modelos de gestão das unidades corporativas das grandes redes globais;
A ampliação da competitividade global é o maior estímulo à expansão de mercado das organizações que operam através de franquias, aumentando o valor desses negócios pela combinação virtuosa de espírito empreendedor de franqueados com marca, conceitos, estrutura, logística e infraestrutura das corporações globais;
No Brasil, o Franchising continuará expandindo mais do que o PIB e a infraestrutura Varejo pela combinação do amadurecimento do setor, o crescente interesse pelo empreendedorismo, pela estratégia da indústria de criação de canais próprios e a opção das corporações de Varejo e serviços por essa estratégia de expansão.
Se no curto prazo as indefinições que cercam a economia e o mercado brasileiro também atingem o setor de franquias, o cenário estrutural mostra que o vigor do setor é suficientemente alto para, passado esse soluço, voltar a expandir fortemente aumentando de forma marcante sua participação no PIB nacional e, em particular, no conjunto de alternativas estratégicas de distribuição de bens e serviços.
Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza.