Cometeu uma falta grave e não sabe o que fazer? Especialistas dão dicas para encarar a situação da melhor forma possível
A intenção parece ter sido a melhor possível, mas o resultado foi um desastre. Na cidade de Borja, província espanhola de Saragoça, Cecília Giménez, ao perceber que o quadro Ecce Homo – do pintor espanhol Elías García Martinez – estava maltratado pelo tempo, teve a brilhante ideia de restaurá-lo por conta própria.
As pinceladas da idosa de 80 anos, amadora na arte da restauração, acabaram por danificar a obra do século19. Apesar de especialistas ainda estudarem o caso, parece que o estrago não tem volta.
Toda pessoa é passível de cometer erros ao longo da vida e também da carreira profissional. Mesmo a mais nobre das finalidades não significa que a empreitada terá sucesso. Mas, qual a melhor maneira de agir quando a falha é grave? Foram consultados dois especialistas para saber o que fazer quando o erro vem:
1 Reconheça o erro e assuma
A primeira ação, ao se deparar com o erro, é examinar as possibilidades de consertar a situação e evitar a falha, diz Gerson Correia, sócio da Talent Solution. “Mas, muitas vezes, isso não é mais possível”, diz.
Se não há solução, a etapa mais importante em uma situação delicada como essa: assuma. “É o melhor a se fazer”, diz o especialista. “Erros são feitos para serem cometidos e serem assumidos”, explica.
“Transparência gera confiança”, diz Alexandre Rangel, sócio da Alliance Coaching. Na opinião do especialista, a humildade de reconhecer o erro aumenta as chances de a falha ser mais bem recebida.
A maneira como o erro é apresentado pode fazer toda a diferença, diz Gerson. A dica é fugir de uma posição defensiva.
“Você tem razão, isso não poderia ter acontecido, mas aconteceu” ou “no seu lugar eu estaria ainda mais irritado”, são frases certeiras na hora de se explicar para o chefe ou um cliente. “Você desarma a pessoa, ela não tem mais com quem brigar”, diz Correia.
2 Pense nas implicações do erro
Analise a falha. Quais as decorrências do seu erro? “Nem sempre as pessoas estão estruturadas para fazer isso”, diz Rangel.O essencial é identificar quem será afetado pelo erro cometido. É a empresa? É o cliente? É um colega de trabalho? É o seu chefe? Ou é você mesmo?
3 Identifique soluções
Existem erros graves reversíveis e irreversíveis. O quadro “Ecce Homo” não deverá nunca ser recuperado. Falha irreversível, portanto, sem solução. “Diante de uma falha assim o caminho é assumir a responsabilidade e as consequências”, diz Rangel.
O especialista conta a história de um gerente de uma empresa que participaria de uma licitação de R$ 1 milhão. Mas, por falta de conferência, faltou um documento que a empresa tinha e que era requisito para a participação. A empresa acabou ficando de fora da concorrência por conta do erro do gerente. Ele assumiu a falha e encarou as consequências. Mas não teve jeito: foi demitido.
Mas quando se trata de um erro reversível, o caminho, diz Rangel, é assumir e tentar resolver a situação. “A dica é identificar as melhores soluções para serem sugeridas”. Apresentar um problema seguido de uma possível solução minimiza prejuízos e demonstra comprometimento com o trabalho.
4 Antecipe e previna os implicados
Essa dica é fundamental para você não ter que ouvir a seguinte frase: “Por que você não me avisou antes?”. “Grande parte dos aborrecimentos ocorrem porque a pessoa não antecipa quem será diretamente implicado pelo erro”, diz Rangel.
Não vai cumprir o prazo e precisa de mais tempo? Avise o quanto antes. “Dessa maneira quem for ser afetado pode tomar medidas alternativas”, explica Rangel.
5 Aja para resolver
Corra atrás do prejuízo. “É preciso ser proativo nessas horas”, diz Rangel. Com dedicação e afinco muitas vezes dá para minimizar danos e até resolver a situação.
Ok, você errou e assumiu a falha. Erga a cabeça e reverta a situação da melhor forma possível: trabalhando. “Se é um projeto ou uma apresentação que ainda não foi entregue e está com os cálculos errados, a pessoa pode trabalhar no fim de semana ou fazer horas extras durante a semana (sem cobrar por isso) e corrigir os erros”, sugere Correia.
Por Camila Pati de Exame.com